Emídio Sousa falava aos jornalistas no final de uma visita à Ambigroup, no Seixal, distrito de Setúbal, um grupo empresarial que presta serviços de gestão, tratamento, reciclagem e valorização de resíduos.
"Estamos muito aquém do que deveríamos estar a fazer em termos de reciclagem, mas temos de ser pragmáticos. A consciência cívica e a consciência ambiental não são suficientes. Temos de incentivar os cidadãos a reciclar", afirmou.
O responsável explicou que o grupo de trabalho criado no final de novembro com a missão de desenvolver o Plano de Emergência para Aterros Sanitários e a estratégia de médio prazo em matéria de gestão de resíduos urbanos e não urbanos deverá incorporar esta ideia nas suas conclusões.
"Pelo menos é uma das sugestões que faço. Significa que cada um paga pelos resíduos que produz e recebe como resultado da reciclagem que efectua. Tem de haver aqui um equilíbrio entre aquilo que entregamos como resíduo, como lixo, e aquilo que fazemos, a separação que fazemos. Não chega à consciência cívica. Não é suficiente, não estamos lá", sublinhou Emídio Sousa.
O Secretário de Estado do Ambiente disse que já existe tecnologia noutros países que pode ser aplicada para implementar esta ideia e que vão ser estudados modelos.
Este sistema em que cada um paga à medida que produz e recebe um bónus à medida que recicla, disse, passará pelos municípios.
"Um dos desafios que o grupo de trabalho tem pela frente é pensar, de forma voluntária, que os municípios possam aderir a estes sistemas. Porque se trata de investimentos muito elevados", afirmou.
A Europa, disse, estabeleceu objectivos muito ambiciosos, que têm de ser cumpridos, esperando que o grupo de trabalho apresente conclusões rápidas.
"Não basta redigir bons diplomas, boas leis, mas depois é preciso cumpri-las. E esse é o desafio que temos", disse, acrescentando que o aterro sanitário deve ser sempre a última opção.
Antes dos aterros, explicou, deve haver uma aposta na separação dos materiais, na sua reciclagem e na extração de todos os componentes possíveis desses materiais.
Quando não há solução de reciclagem ou reutilização, acrescentou, deve haver uma solução para a recuperação de energia a partir dos resíduos.
"A energia pode ser produzida a partir de alguns destes resíduos que não podem ser recuperados. É isso que também vamos fazer num futuro próximo", afirmou.
No entanto, alertou que todos estes investimentos a realizar nos próximos anos demoram tempo e, a curto prazo, o que é preciso fazer é otimizar os actuais aterros, medida que por vezes implica "uma ligeira ampliação ou aumento de quotas".