“Respeitando o princípio da lealdade institucional, apresentarei ao Ministro da Saúde, juntamente com a equipe que gerencio, o pedido de demissão do cargo de diretor executivo do Serviço Nacional de Saúde”, disse Fernando Araújo em comunicado.
Segundo Fernando Araújo, esta “difícil decisão” permitirá à nova tutela “executar as políticas e medidas que julgar necessárias, com a rapidez necessária, evitando que a atual direção executiva (DE-SNS) seja considerada um obstáculo à sua implementação”.
“O DE-SNS é um órgão técnico, um instituto público do Estado, que deve estar acima de questões políticas ou agendas partidárias, e que executa políticas públicas determinadas pelo Governo”, destacou ainda o comunicado assinado por Fernando Araújo.
A direção executiva iniciou a sua atividade em 1 de janeiro de 2023, na sequência do novo Estatuto do Serviço Nacional de Saúde (SNS) proposto pela então ministra Marta Temido, com o objetivo de coordenar a resposta assistencial de todas as unidades do SNS e modernizar a sua gestão.
De acordo com Fernando Araújo, na “primeira e única reunião realizada” com a tutela do novo governo, o DE-SNS transmitiu a abertura para a continuidade de funções, com o objetivo de concluir a reforma em curso, mas colocar-se à “disposição da nova equipe do governo, caso entendesse como mudar as políticas e as faces do sistema”.
“Esclarecemos que não buscamos compensação legal. Cada membro da equipe tem uma vida profissional anterior, quatro de nós no SNS, um no Ministério das Finanças e outro em atividade privada, e não pretendíamos onerar o bem público em nenhuma circunstância”, assegurou ainda o médico
.Fernando Araújo disse ainda que solicitou que a demissão da direção executiva entrasse em vigor no dia seguinte à apresentação do relatório de atividades exigido pelo ministério, que ele afirma ter sido “conhecido por e-mail na mesma época em que foi publicado na mídia”.
Escrutínio
“Não nos esquivamos de apresentar o documento solicitado, que já começamos a preparar, especialmente porque achamos que não é apenas uma responsabilidade, mas também um dever, expor os resultados do trabalho realizado, para que ele possa ser escrutinado, algo saudável na vida pública”, destacou
.Em uma extensa declaração, Fernando Araújo disse que saiu, junto com sua equipe, com a noção de que “tudo o que havia sido planejado” não foi feito e que eles “certamente cometeram erros”, mas “o tempo sempre foi curto para executar uma reforma dessa dimensão”.
“No entanto, os primeiros sinais são bastante positivos e mais favoráveis do que as previsões que haviam sido inicialmente incluídas nos instrumentos de planejamento”, disse o médico, que agora, “silenciosamente”, retornará à sua equipe de cuidados, ensino e pesquisa, como médico do NHS e professor universitário.
Depois de agradecer aos profissionais com quem trabalhou pela disponibilidade e compromisso, Fernando Araújo deixou uma “palavra pessoal de reconhecimento ao XXIII Governo” e ao Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, “por todo o apoio demonstrado desde o primeiro dia, da forma pessoal e pública”, que diz ter “com enorme honra e respeito”.