No início deste mês (5 de junho), um grupo de três orcas foi avistado ao largo da costa de Faro pela agência de passeios turísticos Ocean Vibes, nadando em zonas com apenas 2,5 m de profundidade.
"As orcas no Algarve são vistas normalmente quando seguem a migração do atum", explicou a Ocean Vibes, em declarações à The Portugal News. Em Faro, há apenas alguns avistamentos por ano, mas "é consistente ano após ano".
No ano passado, a agência avistou orcas seis vezes, mas nem sempre eram as mesmas orcas "ibéricas". "Em 2022, avistámos aqui orcas que não pertencem a estas comunidades e tivemos um 'match' com animais do arquipélago dos Açores". Em Portugal, podem ser avistadas cinco famílias de orcas, sendo que duas delas permanecem durante todo o ano. No Algarve, a maioria dos avistamentos ocorre na primavera e no verão.
Espécies em risco de extinção
"As orcas ibéricas estão em risco de extinção, pois são uma comunidade fechada que não se mistura com outras orcas europeias/atlânticas", afirmou a Ocean Vibes, uma vez que atualmente existem apenas 40 indivíduos na comunidade ibérica.
As orcas são normalmente conhecidas por duas razões: serem muito inteligentes e muito cruéis. Quando questionada, a Ocean Vibes explicou que a veracidade destas duas afirmações é bipolar.
"De facto, são animais muito inteligentes e têm a sua própria personalidade", explica a agência. "Sendo animais altamente sociáveis, aprendem e transmitem comportamentos uns com os outros. As orcas ibéricas que se alimentam de atum também aprenderam há muitos anos a utilizar os pescadores de Gibraltar para apanhar atum facilmente. Ou seja: aprenderam a apanhar atum dos pescadores ao longo do tempo, puxando o peixe enquanto este é enrolado pelos humanos".
Ataques
Até hoje, ao contrário do que se possa pensar, nunca houve um ataque de orca a humanos na natureza. "As únicas fatalidades com orcas ocorreram em cativeiro, onde os animais eram mantidos em pequenos tanques e em elevado stress", explica a Ocean Vibes. "No entanto, as recentes interações com embarcações na Península Ibérica têm causado alguns danos materiais e pelo menos três embarcações afundaram-se. Existe, portanto, o risco de os seres humanos se afogarem ou se ferirem enquanto tentam sustentar o barco". No entanto, mesmo nestes casos, os seres humanos a bordo nunca parecem ser o alvo. "Só parecem ser afetados os próprios barcos, especialmente os lemes dos veleiros".
O risco em torno das orcas é mais um problema de navegação do que um perigo para a vida humana. "Em algumas partes do mundo, como a Noruega", conclui a Ocean Vibes, "as pessoas nadam regularmente com orcas e nunca houve qualquer problema".