O relatório, que revê em alta as previsões de crescimento de Portugal, destaca o desempenho impressionante do país face aos desafios enfrentados por outras grandes economias europeias, como a Alemanha e a França.
A OCDE espera agora que o PIB de Portugal cresça 1,7% em 2024 e 2% em 2025. Embora estas projeções fiquem ligeiramente aquém das expectativas do Governo português de 1,8% para 2024 e 2,1% para 2025, ainda demonstram uma recuperação robusta em comparação com outros países europeus. Em contrapartida, a zona euro deverá crescer apenas 0,8% em 2024 e 1,3% em 2025, marcando uma disparidade significativa nas taxas de crescimento.
Quando se compara Portugal com os seus gigantes económicos, França e Alemanha, a diferença torna-se ainda mais gritante. A OCDE prevê que, em 2025, a economia portuguesa cresça provavelmente mais do dobro da França e quase três vezes o tamanho da Alemanha. Enquanto Portugal deverá crescer 2%, a França deverá crescer apenas 0,9% e a Alemanha apenas 0,7%. Isto faz de Portugal uma das economias de crescimento mais rápido da zona euro, numa altura em que as suas congéneres de maior dimensão se debatem com crises internas e condições económicas frágeis.
Um fator-chave que contribui para o crescimento de Portugal é o forte consumo interno, que tem sido reforçado por aumentos salariais reais acima da média europeia. Isto colocou Portugal entre os cinco principais países da OCDE em termos de crescimento do rendimento disponível das famílias, em comparação com os níveis pré-pandemia. Adicionalmente, a aceleração do Plano Nacional de Recuperação e Resiliência (PRR) deverá impulsionar novos investimentos em 2024, apoiando o crescimento sem comprometer o equilíbrio orçamental do país.
No entanto, a OCDE também emitiu alertas sobre as perspetivas orçamentais para a Europa, instando os governos a adotarem políticas orçamentais responsáveis para garantir a saúde financeira a longo prazo. A OCDE aconselha os países europeus a criarem reservas financeiras para se protegerem contra potenciais choques económicos futuros, particularmente à medida que as pressões inflacionistas estabilizam. O fim gradual das medidas de apoio relacionadas à pandemia dá aos governos mais espaço para reconstruir essas reservas, mas isso deve ser equilibrado com as crescentes necessidades de investimento relacionadas ao clima, transição digital e defesa.
O apelo do relatório a uma gestão orçamental prudente recorda os desafios económicos mais vastos que a zona euro enfrenta. Embora países como Portugal tenham demonstrado resiliência e crescimento, grande parte da Europa enfrenta a dupla pressão do aumento da despesa pública e da gestão da dívida nacional, enquanto navega pelas tensões geopolíticas e pela incerteza económica global.
Em resumo, o desempenho económico de Portugal está a destacar-se no contexto europeu, com o país preparado para continuar a sua trajetória de crescimento até 2025. Apesar dos desafios globais, Portugal está a capitalizar os pontos fortes internos, o investimento em setores-chave e as perspetivas orçamentais favoráveis. No entanto, o parecer orçamental da OCDE serve como um importante lembrete de que o crescimento sustentável exige um equilíbrio cuidadoso entre as prioridades económicas, a prudência financeira e o planeamento a longo prazo.
Paulo Lopes is a multi-talent Portuguese citizen who made his Master of Economics in Switzerland and studied law at Lusófona in Lisbon - CEO of Casaiberia in Lisbon and Algarve.