“O sindicato olha com grande preocupação para a questão dos trabalhadores da Tupperware e reconhecemos que os trabalhadores estão atualmente num impasse”, disse à Lusa Ricardo Rodrigues, do Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias Transformadoras, Energia e Atividades Ambientais do Centro-Sul.

A fábrica da Tupperware em Portugal, operando desde 1980 em Montalvo, Constância (Santarém), depende 100% da matriz norte-americana, com o anúncio do pedido de declaração de insolvência potencialmente tendo consequências para a unidade portuguesa, que atualmente tem cerca de 200 trabalhadores.

“Diante das recentes notícias de que a empresa pretende declarar falência, o SITE-CSRA afirma que a principal prioridade deve ser garantir a manutenção dos empregos, melhorar os direitos dos trabalhadores, aumentar os salários e acabar com o emprego precário e tomar medidas para garantir a estabilidade financeira da empresa”, declarou Ricardo Rodrigues, que estava com os trabalhadores da fábrica da Tupperware.

Segundo o dirigente sindical, “o encerramento da Tupperware, se acontecesse, significaria um drama para centenas de trabalhadores” e “seria igualmente desastroso para o município de Constância, a região e o país”, tendo defendido que o problema “deve merecer a maior atenção e medidas tomadas pelo Estado e, em particular, pelo Governo”.

“Temos que entender especificamente quais são as verdadeiras intenções da Tupperware com relação ao fechamento ou não da fábrica”, destacou.

Contactado pela Lusa, o autarca de Constância disse que os trabalhadores vivem em “incerteza angustiante desde setembro, sem certezas sobre o futuro”, e indicou que teria uma conversa marcada para a próxima semana com o diretor de operações para a Europa da Tupperware “para perceber se há desenvolvimentos” em relação ao processo.

“Os salários estão em dia, não houve demissões, e hoje não há notícias sobre o futuro, e a produção é interrompida e os trabalhadores vão para a fábrica para fazer outros trabalhos, em termos de limpeza e arrumação”, declarou Sérgio Oliveira.

Em 25 de setembro, em um comunicado, o prefeito disse que o vice-presidente da Tupperware Europe disse não conhecer o futuro da empresa, que ela estava “em fase de negociação com investidores” e “trabalhando para criar uma estratégia para que a empresa possa ser mais atraente”.

Acrescentou ainda que foi informado de que “pararam a produção na Tupperware Portugal, Bélgica e África do Sul porque têm muito stock”.

Em 18 de setembro, a Lusa solicitou esclarecimentos por escrito à empresa, mas não recebeu resposta até o momento.

A Tupperware Brands iniciou voluntariamente o processo do Capítulo 11 no Tribunal de Falências de Delaware e supostamente obteve a aprovação do tribunal para continuar operando e facilitar um processo de venda para proteger a marca.