Figura incontornável da intelectualidade portuguesa do século XX, Natália Correia foi mais do que uma aclamada voz poética - fez televisão, foi deputada, jornalista, dramaturga, guionista, tradutora, romancista e editora, assumida feminista, activista feroz, exímia oradora e uma mulher bem à frente do seu tempo. A sua voz literária única e difícil de catalogar - algures entre o surrealismo e o romantismo - deixou-nos em quase 70 anos de vida uma obra riquíssima, encarnada dia a dia a ferro e fogo pela mulher que a escreveu.
Para comemorar o centenário de nascimento de uma das mais essenciais figuras literárias açorianas e celebrar a mulher inspiradora por trás da escrita, uma equipa de quatro músicas ousam criar um grupo inteiramente feminino para compor e interpretar temas originais sobre os textos de Natália num programa inédito de concerto em torno da sua obra poética. Pode esperar-se palavras subversivas, acordes despudorados, mensagens incendiárias e o apaixonante sagrado feminino, d’A Insubmissa’, no cerne telúrico de cada canção.
Música no Forte apresenta a estreia mundial deste novo projeto, com quatro mulheres da música, cada uma oriunda de uma ilha dos Açores. Depois de uma residência artística, este domingo vê em palco pela primeira vez "Línguas de Fogo" com a mariense Isabel Mesquita, já conhecida pelo seu trabalho a solo, a italiana Antonella Barletta, que desde 2009 faz parte do Conservatório Regional de Angra do Heroísmo, Gianna De Toni, que mudou-se de Roma para os Açores em 1999 para exercer funções como docente do Conservatório Regional de Ponta Delgada, e a portuense Sara Miguel que faz da ilha do Pico sua casa já há alguns anos.
Os concertos ao pôr-do-sol continuam aos domingos, até 13 de agosto, no Forte de Santa Catarina. "Música no Forte", um projeto da MiratecArts com a Câmara Municipal das Lajes do Pico tem entrada gratuita para o público em geral.