Uma programação recheada de concertos, recitais, workshops, masterclass, conferência, visitas a escolas, exposições e ainda cinema, atraiu mais de 2000 pessoas, com cerca de 15% sendo visitantes à ilha.

"O Festival Cordas é uma verdadeira celebração da arte dos cordofones, em vários formatos", diz o diretor artístico e fundador do festival, Terry Costa. "As nossas audiências aderem à programação por ter uma conexão muito forte com as raízes culturais da ilha, ao mesmo tempo oferecendo outros pontos de vista, vindos do exterior, que de uma forma disfarçada por entretenimento educa sobre outras culturas, ideais e questiona o nosso passado."

Nuno Cristo apresentou um trabalho sobre como o exterior vê o mundo dos cordofones na ilha mais alta de Portugal. "A realidade é que muito pouco está registado, escrito, sobre este um dos maiores legados que o povo da ilha passa de geração para geração", anotou o etnomusicólogo portuguès que vive em Toronto, Canadá, há mais de três décadas. É necessário levantamento do conhecimento, com os de mais idade que ainda se lembram de algo, ou esta parte da cultura morre com quem parte. A associação MiratecArts, que gere o Festival Cordas, tem todo o interesse em coletar esta informação e publicar, como tem feito com os tocadores de Viola da Terra, e incentivar que se crie um espaço dedicado a esta arte.

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Visitas a instituições locais, como a Santa Casa da Misericórdia e as escolas, levaram música e conversa a cerca de 700 crianças e jovens, destacando a apresentação na Escola Cardeal Costa Nunes que atraiu os alunos do Secundário, visitas de crianças à Biblioteca da Madalena para conhecerem a viola dos dois corações e ainda o músico micaelense, João Moniz, que foi desafiado por uma turma de crianças de quatro anos.

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Sinergias entre os artistas, oriundos de várias ilhas e além arquipélago, é outra mais valia do Festival Cordas. A convidada internacional, Maija Kauhanen, apresentou um dos mais icónicos concertos, alguma vez visto no Auditório da Madalena ou na ilha montanha, mas também trouxe uma nova música inspirada na sua primeira vinda aos Açores, em 2018, e filmou um videoclipe para continuar a sua relação com o arquipélago e o festival. Além dos 20 programas públicos, outros tantos ficaram em privado, construindo uma oportunidade de aprendizagem inigualável na nossa região, para quem segue o festival durante a semana. Tiago Toste, violeiro terceirense, que apresentou o seu primeiro trabalho discográfico no Museu do Vinho, expressou na rede social do Facebook que sentia-se "privilegiado por participar - memórias para a vida", pois nunca tinha tido uma experiência como esta. Tiago Lima também veio ao Pico apresentar seu CD de Guitarra Portuguesa.

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A edição de 2023 do Festival Cordas estreou o grupo de cordas "Amigos da Tradição" e ainda o trio "Volcano Swing", o qual foi batizado no encerramento do festival; homenageou os tocadores de viola Manuel Paulino Dias e Manuel Horácio André; celebrou o Dia Internacional da Música e o Dia da Viola da Terra; apresentou Raquel Dutra Quarteto pela primeira vez no Pico; e, levou música ao ponto mais alto de Portugal, com Romeu Bairos, e ao maior tubo lávico do país, Gruta das Torres, com os marienses Engengroaldenga.

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"Sendo a edição do festival com o menor orçamento de sempre, conseguimos ultrapassar as expetativas que tínhamos para este ano," admite Terry Costa, "mas, é importantíssimo, para o desenvolvimento regional, que o sector cultural artístico receba um impulso financeiro, ou projetos como este, que nos dão visibilidade pelos quatro cantos do mundo, não vão conseguir sobreviver." www.festivalcordas.com