Atualmente a viver em Portugal, o DJ contou à The Portugal News que o seu percurso como DJ começou quando tinha apenas 5 ou 6 anos de idade. "Lembro-me de montar os meus próprios "espectáculos" com o gramofone Grundig do meu pai, a passar os seus discos e a experimentar sons diferentes." No final da adolescência, como estudante, a música tornou-se rapidamente mais do que uma paixão. À medida que foi crescendo, passou a ser profissional, trabalhando como DJ em clubes e bares e, como DJ e emcee, actuou em eventos de grande escala como festivais, jantares de gala, casamentos e eventos privados na Europa e no Sudeste Asiático, onde viveu durante 12 anos.

DJ Carl Hinds disse que a transição para DJ profissional foi natural, quase como uma extensão da sua paixão pela música. Agora a viver em Lisboa, encontrou "um público novo ansioso por experimentar a sua mistura de sons". Desde encontros íntimos ao longo da Costa Caparica até aos seus próprios eventos com curadoria, Lisboa deu-lhe um novo espaço para partilhar o seu amor de sempre pelo vinil.


The Portugal News (TPN): Porque é que optou por utilizar apenas discos de vinil no seu trabalho?

Carl Hinds (CH): Escolhi o vinil porque é o meio com o qual me sinto mais confortável e ao qual estou verdadeiramente ligado. Quando os CDs e os formatos digitais começaram a ganhar popularidade, experimentei-os. Ainda os utilizo para certos eventos e, embora tenham vantagens incríveis, o vinil sempre ocupou um lugar único no meu coração. Tal como a IA coexiste connosco na vida quotidiana, as ferramentas digitais coexistem no mundo dos DJs - mas, para mim, nada capta a mesma sensação que o vinil. Em Portugal, onde existe um forte apreço pela arte e autenticidade, as pessoas valorizam realmente a nostalgia e o calor que o vinil traz a um evento. Há algo de especial em montar o meu gira-discos e tirar um disco, quase como convidar as pessoas para uma parte do meu mundo. O vinil faz com que cada atuação pareça uma ligação pessoal, e é esse envolvimento que mais me agrada.


TPN: Qual a importância do vinil para a indústria musical?

CH: Para mim, o vinil ocupa um lugar único e vital na indústria musical. Num mundo dominado pelo streaming digital, o vinil oferece algo que a música digital não pode oferecer - uma ligação física e tangível ao som. Como DJ e amante e colecionador de música, vejo o vinil como uma experiência completa, desde a capa do álbum ao ato de colocar um disco no gira-discos e até às imperfeições subtis que lhe conferem um calor e carácter como nada mais. Durante a última década, o vinil registou um enorme ressurgimento, à medida que mais pessoas em todo o mundo - incluindo aqui em Portugal - são atraídas por esta forma imersiva de experienciar a música. Muitos artistas lançam em vinil para se ligarem mais profundamente aos seus fãs, e acredito que este formato ajuda a preservar a arte da música. Rodar vinil traz uma sensação de autenticidade e crueza às minhas actuações que não sinto nos formatos digitais. O vinil mantém a indústria da música ancorada nas suas raízes, servindo como um lembrete da arte por detrás de cada faixa e ajudando a manter essa arte viva num mundo que está constantemente a avançar.


TPN: Porque é que acha que as pessoas estão a ganhar mais interesse nos discos de vinil?

CH: Acho que é porque oferece algo real e intemporal na nossa era digital. Os compradores mais jovens estão a descobrir o vinil pela primeira vez e são atraídos pela sua fisicalidade. Convida-os a abrandar e a apreciar plenamente a música, o que pode ser refrescante num mundo em que tudo é instantâneo e a pedido. Para as gerações mais velhas que nunca deixaram o vinil, é uma forma de se agarrarem à era em que a música era algo que se experimentava verdadeiramente e não apenas se consumia. A qualidade do som é outro grande atrativo: o vinil tem um calor e uma riqueza que são difíceis de reproduzir em formatos digitais. Vejo isto em primeira mão em Lisboa, onde tanto os lisboetas como os visitantes internacionais são cativados pelo som único do vinil em locais como a vibrante Feira da Ladra, onde remexer nas caixas é como descobrir jóias escondidas, tal como quando eu costumava explorar a coleção do meu pai. Assim, entre memórias nostálgicas e novas descobertas, as pessoas anseiam por essa ligação mais profunda e pessoal à música que o vinil possibilita.


TPN: Acha que esta tendência se vai manter por muito mais tempo?

CH: Quem sabe o que vai acontecer no futuro? Mas acredito que o vinil resistiu ao teste do tempo e não vai a lado nenhum tão cedo. Ainda cá está e penso que vai continuar a crescer à medida que mais pessoas procuram algo tangível num mundo cada vez mais digital. O vinil dá à música uma presença física, uma forma de interagir com o som para além do simples toque num ecrã. Essa ligação é poderosa e, enquanto as pessoas valorizarem essa experiência, acredito que o vinil continuará a prosperar.


TPN: Porque é que tem uma ligação pessoal tão forte com o vinil?
CH: Para mim, cada disco de vinil é como uma cápsula do tempo, uma memória captada em som. Cada disco da minha coleção tem a sua própria história, não só da música mas também de quando e onde o comprei e de quem o tinha antes. O Crate Digging deu-me a conhecer toda uma comunidade de entusiastas do vinil em todo o mundo, do Reino Unido aos EUA, Sudeste Asiático, Europa e aqui em Portugal. Muitas vezes, encontro discos com os nomes dos anteriores proprietários rabiscados nas etiquetas ou nas capas, e pergunto-me quem eram, o que os inspirou e o que a música significava para eles. Parece que estão a passar o testemunho à próxima geração de ouvintes, mantendo a música viva.

Também fiz disso a minha tradição; todos os meus discos têm o carimbo "DJ Carl Hinds" para que, um dia, alguém veja o meu nome e sinta a mesma ligação. Gosto de pensar que estou a fazer a minha pequena parte para preservar a cultura do vinil, deixando um pequeno legado em cada ranhura. O vinil não é apenas uma questão de ouvir - é uma questão de levar adiante um amor que atravessa gerações, criando uma linhagem de amantes da música que apreciam esta forma de arte.


Se as pessoas quiserem ter uma experiência de vinil com o DJ Carl Hinds, podem juntar-se ao The Hintur Club, um evento de género aberto, só de vinil, que combina diferentes sons num ambiente intimista de festa em casa. O próximo evento terá lugar em Lisboa, no dia 30 de novembro. Os bilhetes podem ser adquiridos em https://www.djcarlhinds.com/Hintur_Club. Para mais informações sobre o The Hintur Club ou para marcar uma atuação com o DJ Carl Hinds, visite www.djcarlhinds.com ou envie um e-mail para djcarlhinds@gmail.com.


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Deeply in love with music and with a guilty pleasure in criminal cases, Bruno G. Santos decided to study Journalism and Communication, hoping to combine both passions into writing. The journalist is also a passionate traveller who likes to write about other cultures and discover the various hidden gems from Portugal and the world. Press card: 8463. 

Bruno G. Santos