Fonte do gabinete do presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Carlos Moedas (PSD), confirmou à Lusa que estão em curso trabalhos de transplante de jacarandás na Avenida 5 de Outubro.

“O que está sendo feito é um trabalho preparatório e não, especificamente, a remoção de qualquer árvore”, acrescentou.

A mesma fonte disse que na conferência de imprensa realizada na terça-feira sobre o assunto, a diretora municipal de Espaços Verdes, Catarina Freitas, explicou que “seria dada prioridade” ao transplante dos jacarandás, pois tinha que ser realizado dentro de uma determinada janela de tempo para que fosse bem-sucedido.

No entanto, a informação dada na coletiva de imprensa foi de que o transplante de jacarandás começaria na próxima semana, com os cinco primeiros, e os seguintes seriam programados de acordo com o ciclo das árvores.

A Lusa questionou o gabinete do prefeito sobre o que motivou o processo de transplante de jacarandá a ser antecipado, e ainda aguarda uma resposta.

Contra esse processo, a petição “Não à derrubada dos jacarandás na Av. 5 de Outubro”, criada na sexta-feira, 21 de março, no Dia da Árvore, já reuniu mais de 49 mil assinaturas.

No entanto, uma reunião foi agendada para hoje entre um grupo de peticionários e a vereadora de Planejamento Urbano, Joana Almeida, disse uma fonte do conselho.

Na conferência de imprensa de terça-feira, o vereador do Urbanismo disse que a Câmara Municipal de Lisboa responderia à petição contra o abate de jacarandás na Avenida 5 de Outubro com duas apresentações públicas para “esclarecer o projeto urbano” previsto para a área de Entrecampos.

Estas apresentações acontecerão nesta sexta-feira (às 18h) e na próxima quarta-feira (17h30), no Centro de Informação Urbana de Lisboa, informou Joana Almeida.

“Informar e comunicar”, corroborou a diretora municipal de Espaços Verdes, Catarina Freitas, na mesma conferência de imprensa, detalhando os números: no eixo em questão, localizado no centro de Lisboa, existem 75 jacarandás, 30 serão mantidos, 20 serão transplantados (aos quais serão adicionados dois plátanos) e os 25 restantes serão cortados; Ao mesmo tempo, 39 jacarandás serão replantados, às quais outras 49 árvores serão adicionadas.

Em causa está a construção de um parque de estacionamento subterrâneo, que incluirá uma área de carga e descarga e coleta de resíduos sólidos.

O eixo central da Avenida 5 de Outubro manterá os atuais dois alinhamentos de jacarandás, “a diferença é que não haverá mais carros” na superfície, destacou, enfatizando ainda que as calçadas aumentarão para três metros e terão outras árvores, nomeadamente pereiras.

Joana Almeida lembrou que, quando o atual executivo municipal tomou posse, em outubro de 2021, o contrato já tinha sido assinado, em hasta pública em 2019, com “o programa completo para toda a área”. Na verdade, “400 casas já estavam sendo construídas”, ela lembrou.

Portanto, o atual executivo “não poderia” alterar o projeto em andamento para um terreno de cerca de cinco hectares “abandonado por 30 anos”, sob pena de a cidade ficar “parada por mais alguns anos”, referindo-se à operação urbana de Entrecampos, nas antigas terras da Feira Popular.

Joana Almeida destacou ainda que as atuais 77 árvores (75 das quais são jacarandás) aumentarão para 118 no eixo visado pelo projeto urbano, que “ganhou um prêmio por suas características de sustentabilidade”.

Na quarta-feira, em reunião pública do executivo municipal, a liderança do PSD/CDS-PP reforçou que o plano é “cortar menos e plantar mais” jacarandás na Avenida 5 de Outubro, mas o PS e o PCP apontaram que o projeto inicial não previa o abate.