A Associação Portuguesa do Ensino Superior Privado (APESP) considerou que
manter o regime jurídico que impede as instituições privadas de reconhecer
graus académicos e diplomas atribuídos por universidades estrangeiras deve-se a
uma “discriminação ideológica”.
“É crucial que em Portugal se acabe com esta prática discriminatória,
permitindo que as instituições privadas possam reconhecer graus académicos e
diplomas de ensino superior atribuídos por instituições de ensino superior
estrangeiras, em igualdade de circunstâncias com as suas congéneres estatais”, referiu
o presidente da APESP no dia 10 de agosto.
A situação não é recente e também não é a primeira vez que a APESP a
denuncia. Em causa está o regime jurídico de reconhecimento de graus académicos
e diplomas de ensino superior atribuídos por instituições de ensino superior
estrangeiras, que estipula que as três formas de reconhecimento (automático, de
nível e específico) devem ser pedidas a universidades ou politécnicos públicos.
De acordo com a associação, esta restrição não faz sentido, pois as
universidades privadas conferem os graus de licenciado, mestre e doutor e, além
disso, a associação encontra-se representada na Comissão de Reconhecimento de
Graus e Diplomas Estrangeiros da Direção-Geral do Ensino Superior.
“Podem atribuir, mas não podem avaliar e reconhecer os diplomas e os graus
académicos de universidades de outros países”, refere o comunicado.
Citado no comunicado, o presidente da APESP considera que a situação é
“injusta, arbitrária, antiacadémica” e resulta de uma discriminação sobretudo
ideológica, que prejudica as universidades e politécnicos privados.
“O reconhecimento de graus e diplomas constitui um procedimento importante
para mobilidade académica”, refere António Almeida-Dias, sublinhando a sua
importância no acesso de alunos estrangeiros a mestrados e doutoramentos, e
para o recrutamento de professores estrangeiros.
Assim sendo, a menor captação de estudantes estrangeiros é apontada como
uma consequência deste regime que “coloca o ensino superior privado numa
situação desfavorável”, lamenta o presidente da APESP e acrescenta que as
universidades privadas “estão sujeitas aos mesmos requisitos de funcionamento e
aos mesmos padrões de avaliação que o ensino superior público”.