“As gestoras de frotas estão a prolongar
constantemente os prazos com os seus clientes porque não têm carros novos
para substituição, por isso propõem renovar por mais um ano. E, nalguns
casos, estão a utilizar uma nova figura: um novo contrato de renting [aluguer
de veículos de longa duração] sobre carros com idade até três anos, chegando
até a fazer dois ou três contratos com o mesmo automóvel", disse o
secretário-geral da Associação Nacional das Empresas do Comércio e Reparação
Automóvel (ANECRA), Roberto Gaspar ao Dinheiro Vivo.
Roberto Gaspar disse ainda que estes
contratos antes eram pouco usuais e que o mercado de seminovos também se está a
ressentir desta escassez, sendo que o poder está agora nas mãos dos
fabricantes.
"É a lei do mercado a funcionar: quando
havia muita oferta, estes operadores tinham mais poder negocial, porque
compravam em quantidade e conseguiam assim bons descontos. Agora, que há mais
procura, são os fabricantes que ditam as regras. Há casos de algumas marcas que
cancelam encomendas das gestoras de frotas, que, se quiserem fazer um novo
contrato, pagam preços mais elevados", afirma ao Dinheiro Vivo.
Por outro lado, Luís Augusto, presidente da
Associação do Leasing, Factoring e Renting (ALF),
referiu à mesma publicação que as empresas têm prolongado a duração dos
contratos de forma a permitir dar resposta a todos os clientes. No entanto,
esta medida provoca um aumento de custos para as empresas de renting, devido à
manutenção das viaturas em circulação.
"Para encontrar soluções para a
substituição do automóvel, também têm sido propostas marcas e modelos
alternativos, nomeadamente de veículos elétricos. Esta adaptação às novas
condições do mercado significa um esforço acrescido, mas o resultado
verificado, com um parque circulante já superior ao de 2019, valida as
estratégias adotadas", acrescenta.
O atual panorama escassez automóvel começou
na fase inicial da pandemia, quando as restrições impostas levaram à falta de
alguns componentes necessários para o fabrico de viaturas, principalmente de
semicondutores. Estes componentes são na sua maioria fabricados na Ásia, por
exemplo, na ilha de Taiwan, na Coreia do Sul e no Japão, que tiveram em
vigor medidas contra a Covid-19 muito rigorosas.