"Os Estados Unidos da América (EUA) são um bom mercado, um mercado que tem vindo a ser trabalhado e consolidado ao longo dos anos e, naturalmente, esta nova tarifa vai ter um impacto imediato nos negócios", disse à Lusa Luís Machado, também presidente da Câmara Municipal de Santa Marta de Penaguião.

Mas, para o autarca líder da CIM Douro, que congrega 19 municípios, esta é também uma oportunidade para o Douro "procurar novos mercados".

O Presidente dos EUA, Donald Trump, anunciou a imposição de tarifas sobre as importações, incluindo 25% sobre todos os automóveis estrangeiros. De acordo com a tabela anunciada, os países da UE passarão a pagar 20% de direitos aduaneiros.

A Presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, já declarou que os novos direitos aduaneiros anunciados pelo Presidente dos EUA constituem um "duro golpe" para a economia mundial.

O mercado norte-americano está no "top five", ou seja, nos cinco principais mercados de exportação dos vinhos produzidos na Região Demarcada do Douro, em termos de quantidade e valor.

Em 2024, foram exportados para os EUA cerca de 36 milhões de euros de vinho do Porto, o que representa um aumento de 6,5% face ao ano anterior.

Em termos de vinhos de Denominação de Origem Controlada(DOC) Douro, o mercado norte-americano representou um volume de negócios de cerca de 5,6 milhões de euros.

A região já está a viver uma crise em termos de vendas de vinho e Luís Machado afirmou que as taxas anunciadas por Trump vão traduzir-se num maior "constrangimento por parte das importações norte-americanas", o que terá um "impacto imediato na economia do Douro".

Reação em cadeia

"Seja no comércio ou na produção, será uma reação em cadeia e todos seremos prejudicados", disse.

Estes serão, considerou, "tempos difíceis para a região". No entanto, disse que esta também não é a "primeira vez que o Douro passa por situações difíceis e consegue ultrapassá-las".

Mas para o autarca socialista, esta pode ser também uma oportunidade para o Douro procurar novos mercados.

"Acho que estão reunidas as condições para nos sentarmos todos à mesa, definirmos novas estratégias, procurarmos e explorarmos novos mercados, novos negócios, tendo sempre em conta que temos de procurar administrações que sejam de confiança e que não tenham este tipo de atitudes unilaterais que têm um impacto forte e direto. E como a nossa economia é relativamente fraca, o impacto é maior", disse.

Mercados que, sublinhou, podem ir da Europa de Leste à Ásia ou à América Latina.

"Temos de perceber quais são os mercados mais fiáveis, incluindo os emergentes, e quais estão disponíveis para consumir o nosso produto", disse, destacando que "a lógica internacional está a mudar" e que "o mundo não está como estava antes de Donald Trump tomar posse".

Também o Comité Europeu das Empresas Vitivinícolas(CEEV) classificou como um "duro golpe" a tarifa de 20% sobre as exportações da União Europeia para os Estados Unidos anunciada pelo Presidente Donald Trump, prevendo despedimentos e adiamento de investimentos.

A associação patronal do sector vitivinícola referiu que este "duro golpe" resulta do facto de as exportações europeias para os EUA representarem 28% do valor total das exportações de vinho da UE em 2024, ano em que os EUA continuaram a ser o maior mercado para os vinhos europeus, com um valor de 4,88 mil milhões de euros.