Entre os 20 países da Zona Euro, Portugal não foi apenas um dos quatro Estados-membros que registaram um aumento na remuneração por sexo entre 2019 e 2022.
Foi também o país no espaço da moeda única que teve o maior aumento na diferença salarial entre homens e mulheres, de acordo com o ECO.
Atualmente, Portugal é o nono país com a maior diferença salarial entre homens e mulheres, apesar de ter um rácio abaixo da média da Zona Euro (13,1%).
Apesar do revés dos últimos quatro anos, números do gabinete de estatísticas da União Europeia mostram que, na última década, Portugal conseguiu reduzir a remuneração por gênero a uma taxa média de 0,25 pontos percentuais.
Assim, adotando uma visão mais otimista, considerando que no futuro a diferença salarial entre homens e mulheres em Portugal reduzirá ao ritmo dos últimos dez anos, só em 2071, dentro de 48 anos, veremos a paridade salarial entre homens e mulheres em Portugal, de acordo com os cálculos do ECO.
Se nada for feito para mudar esse cenário de desigualdade, isso significa que Portugal será apenas o 12º país da Zona Euro a alcançar a paridade salarial, atrás de países como Luxemburgo, que alcançou a paridade em 2021, e Espanha (2031), Bélgica (2046) ou Alemanha (2047), e até mesmo da média dos países da Zona Euro, que devem atingir o nível de igualdade salarial entre homens e mulheres em 2052.
Mesmo assim, o ano de 2071 da paridade salarial em Portugal será 83 anos mais cedo do que o ano de 2154, quando o Fórum Económico Mundial estima que a paridade entre homens e mulheres será alcançada no mundo — considerando não só a desigualdade salarial, mas também outros elementos como oportunidades econômicas, sucesso educacional, saúde e sobrevivência e poder político.
No entanto, Susana Tavares, professora do ISCTE, observa que os dados do Eurostat não são usados para estatísticas oficiais portuguesas porque “consideram apenas empresas com mais de dez funcionários”, não refletindo assim a realidade portuguesa, em em que a maioria das empresas tem menos de dez funcionários.