Em Washington, onde assistiu às cerimónias de tomada de posse de Donald Trump, Ventura defendeu que "países seguros têm fronteiras fortes".
"A direita é coerente nisto: há regras em Portugal e em todo o mundo. Quem não cumpre as regras deve ser devolvido ao seu país de origem", sublinhou o presidente do Chega em declarações à imprensa portuguesa.
"O que nós defendemos é que - também em Portugal - quem não cumpre as regras tem de ser devolvido ao seu país de origem. E note-se que isto não é dito apenas pelo presidente do Chega ou pelo presidente do Vox. É dito agora pelo Presidente dos Estados Unidos, um país que é uma referência para a liberdade e para os direitos humanos", sublinhou Ventura.
Donald Trump garantiu, no seu discurso de tomada de posse, que vai expulsar "milhões e milhões" de imigrantes ilegais, um dos principais focos da sua campanha eleitoral, durante a qual prometeu levar a cabo a "maior deportação em massa da história" do país.
O novo Presidente norte-americano prometeu também endurecer a luta contra a entrada de imigrantes ilegais e a deportação imediata de quem tentar entrar sem cumprir os requisitos para permanecer nos Estados Unidos.
"Também dissemos na Europa que precisamos que aqueles que não estão legais regressem ao seu país. (...) Penso que o que Donald Trump disse foi que as pessoas que vêm para os Estados Unidos têm de ser legais. E acho que essa é a mensagem correta", defendeu Ventura.
Questionado pela Lusa se esta mensagem inclui os portugueses que estão ilegalmente nos Estados Unidos, Ventura respondeu: "Todos. O que eu exijo para os outros é o que eu exijo para mim como português".
"Os portugueses têm de cumprir a lei. Estou convencido que isso não vai acontecer porque os portugueses que conheci em todo o mundo cumprem as regras. (...) O que estou convencido é que os portugueses não serão um número significativo".
"Dar o exemplo
"No entanto, quando digo que os imigrantes em Portugal têm de seguir regras, toda a gente tem de seguir regras. Não posso dizer que quero uma regra para paquistaneses, indianos, brasileiros e angolanos e não para os portugueses. Os portugueses têm de ser os primeiros a dar o exemplo. Quando vão para os EUA, Canadá, Suíça, têm de seguir as regras", sublinhou André Ventura.
O Governo dos Açores está a preparar um plano de contingência para acolher os emigrantes açorianos que venham a ser deportados por Donald Trump.
"Não é o cenário previsível, mas estamos a preparar-nos para o pior", afirmou Paulo Estêvão, secretário regional dos Assuntos Parlamentares e Comunidades, na semana passada, admitindo que "centenas" de emigrantes dos Açores ficarão sem estatuto de ilegalidade nos Estados Unidos.
Entretanto, o PS requereu uma audição parlamentar ao secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, José Cesário, sobre a situação da comunidade portuguesa residente nos Estados Unidos face ao plano de deportação em massa anunciado por Donald Trump.
No requerimento, os socialistas dizem que a comunidade portuguesa residente nos Estados Unidos "está a atravessar momentos de grande ansiedade" devido às promessas de deportação de Trump.
Questionado sobre se apoia a audição pedida pelo PS, Ventura respondeu com críticas ao Partido Socialista, que considera "não ter autoridade moral para falar sobre imigração".
"O PS é o partido mais sem vergonha que temos em Portugal. Há questões de segurança e o PS diz que foi ele que deu condições de segurança ao país quando deixou o país no pior estado de insegurança de que há memória. ", avaliou.
"E agora, um Partido que deixou meio milhão de imigrantes por registar em Portugal, vem fazer um juízo moral sobre imigrantes que estão noutras partes do mundo. O que o PS devia fazer era pedir desculpa por ter conduzido o país ao caos da imigração. O PS e Pedro Nuno Santos [secretário-geral do PS] não têm autoridade moral para falar de imigração", acrescentou, em Washington.