A indústria portuguesa de papel e cartão é um excelente exemplo da inovação, excelência científica e compromisso do país com a sustentabilidade. Ao longo das décadas, este setor não só contribuiu significativamente para a economia portuguesa como redefiniu a perceção global do papel como um material funcional e versátil. Apesar do seu papel vital, a indústria opera frequentemente à sombra de sectores mais visíveis, impulsionando silenciosamente o progresso tecnológico e económico.

Inovação enraizada na tradição

O percurso de inovação em Portugal na indústria do papel começou com projetos pioneiros que transformaram o papel em mais do que apenas um meio de escrita. Em 2008, o desenvolvimento do Paper-e, um material funcional capaz de processar informação, estabeleceu uma referência para a integração da tecnologia em materiais tradicionais. Com aplicações em etiquetas eletrónicas, dispositivos médicos e baterias sustentáveis, a Paper-e destacou a capacidade de Portugal de fundir acessibilidade, funcionalidade e sustentabilidade num só produto.

Inovações subsequentes, como papéis de limpeza integrados com sabão e tintas condutoras para circuitos eletrônicos, demonstraram a adaptabilidade da indústria. Ao permitir que os circuitos eletrônicos fossem impressos em papel, os pesquisadores democratizaram a eletrônica leve, abrindo caminho para aplicações em áreas como sensores inteligentes e drones. Esses avanços ilustram o compromisso do setor com soluções práticas e sustentáveis para os desafios modernos.

A sustentabilidade como valor central

A sustentabilidade é uma pedra angular da indústria portuguesa de papel e cartão. Institutos de pesquisa como o RAIZ – Instituto de Pesquisa Florestal e de Papel – impulsionam os avanços ecológicos e tecnológicos do setor. Ao explorar o potencial de subprodutos como a lignina para a criação de nanocápsulas para medicamentos, projetos como o BIO-LIGNE não só destacam a versatilidade da indústria, mas também promovem sinergias intersetoriais, particularmente com o campo biomédico.

Outras investigações centram-se na redução do impacto ambiental dos processos de produção. Por exemplo, o trabalho da Universidade de Coimbra sobre fungos ligninolíticos exemplifica os esforços para reduzir o consumo de energia e o uso de produtos químicos, reforçando o compromisso da indústria com práticas amigas do ambiente.

Uma potência económica escondida

Apesar do seu perfil relativamente baixo, o sector do papel e do cartão contribui com mais de 5% do PIB de Portugal e representa cerca de 10% das exportações nacionais. Para além destes números económicos impressionantes, o sector desempenha um papel vital na manutenção do equilíbrio regional, criando emprego e riqueza em zonas rurais desfavorecidas. Promove a estabilidade comunitária e impulsiona a bioeconomia, tornando-a indispensável à coesão territorial de Portugal.

Moldar o futuro

A indústria portuguesa de papel e cartão é uma prova da capacidade do país para liderar na inovação, aderindo a práticas sustentáveis. Ao investir em tecnologia e investigação, o setor continua a evoluir, provando que mesmo as indústrias tradicionais podem prosperar numa economia moderna e verde. Esta potência oculta não só reflete o compromisso de Portugal com a excelência científica e económica, mas também sublinha o seu papel na construção de um futuro mais sustentável e inclusivo.


Author

Paulo Lopes is a multi-talent Portuguese citizen who made his Master of Economics in Switzerland and studied law at Lusófona in Lisbon - CEO of Casaiberia in Lisbon and Algarve.

Paulo Lopes