Acompanhar o nosso ciclo menstrual para além de fácil, é uma fonte de autoconhecimento, e uma ferramenta importante em termos de saúde, mas, na realidade, há muitas mulheres que não sabem o suficiente sobre o seu ciclo menstrual, vivendo toda a vida no escuro.

Foi com isto em mente que as autoras, Tânia Costa e Inês Mestre, publicaram recentemente um livro com o título "Agenda Teen". Nesta agenda, as autoras propõem-se a explicar tudo o que as jovens necessitam de saber quanto à menstruação, para além de darem ferramentas sobre gestão emocional e muitas outras que facilitam a passagem pela adolescência.

"Temos uma parte de sensibilização. Ensinamos-lhes como podem fazer o seu mapa astral e damos algumas dicas. Temos algumas meditações, temos uma postura de yoga, exercícios de coaching, testes de personalidade, etc.", que são extremamente interessantes e que certamente ajudarão estas jovens a passar por uma adolescência mais suave (os pais nem vão dar por ela passar) e torná-las-ão mulheres muito mais esclarecidas.

Além disso, a agenda não é apenas um instrumento que pode ser utilizado durante a adolescência. Embora o público-alvo esteja situado entre os 11 e 17 anos, há mulheres na casa dos 50 a comprar a agenda. A própria Inês Mestre, uma das autoras, contou-nos que “foi apenas quase com 40 anos que percebi que não sabia nada sobre o meu ciclo".



Falta de conhecimento

"Nas escolas é mostrado de um ponto de vista científico, mas muito frio, não é feita uma ligação às raparigas que estão a passar por esta nova fase ou que podem vir a passar em breve. Eu sou educadora menstrual e de fertilidade e se começarmos desde cedo com este autoconhecimento sobre nós próprias, os resultados são ainda mais positivos", acrescentou.

"A agenda é um instrumento para as adolescentes aprenderem a lidar com algo que lhes está a acontecer e que estará presente nas suas vidas durante 40 anos, por isso quanto mais cedo começarmos, melhor. Há muitos adultos que carecem de informação sobre estas questões", disseram.

Apesar das melhorias que se têm verificado entre gerações, na escola a abordagem é ainda muito insuficiente e os jovens continuam mal informados. "Nós somos únicas, pelo que não é viável aplicar o mesmo método a todas. Não somos máquinas", disse.

Embora muitos pais tenham a mente muito mais aberta do que antes, não têm tempo e não podem dizer às suas filhas o que nem sequer sabem". A boa notícia é que as gerações mais novas olham para o assunto com mais leveza e descontração. Como tal, hoje em dia as meninas já não têm constrangimentos em dizer aos seus amigos que estão com o período.

A este respeito, "as redes sociais têm feito a diferença. Acho que há um à vontade maior para falar sobre o tema. Além disso, as redes sociais têm a capacidade de chegar a imensa gente e já há uma abertura para se falar sobre o tema. Mas ainda há muito a fazer em Portugal sobre o assunto, ainda se pensa que é apenas um tema de mulheres que não tem implicações no resto das nossas vidas - quando tem implicações nas nossas vidas profissionais, escolares e nas nossas relações, etc", disse.


Fertilidade Consciente

A fertilidade consciente consiste numa série de práticas que permitem às mulheres saber em que momentos estão férteis de modo a promover uma gravidez ou, pelo contrário, evitá-la. "Quando nós monitorizamos o nosso ciclo, percebemos que temos quatro fases em cada ciclo, tornando-se mais fácil registar esse ciclo. Somos pessoas diferentes com necessidades diferentes ao longo desses ciclos porque há alteração de hormonas ao longo do ciclo”, disse.

No entanto, isto não acontece durante a pílula, em que não existe ciclo menstrual. "Há mulheres que não querem tomar a pílula, mas não sabem o que fazer porque os ginecologistas não lhes dão quaisquer outras opções", acrescentou.

Além disso, as pessoas ainda pensam que os ciclos são "de 28 dias e que nós ovulamos ao 14º dia, mas há mulheres com ciclos de 32 dias, e mulheres a ovular no 20º dia”, disse.

Estas alterações das hormonas durante os ciclos vão provocar reações físicas no corpo. "Naturalmente vamos ter mais sono numas, menos sono noutras, mais energia numas menos energia noutras. Maior capacidade de fazer exercício físico, vamos ter maior clareza mental mais numa fase do que noutras, vamo-nos sentir com muito mais vontade de comunicar e socializar numas fases do que noutras e isso é uma ferramenta de autoconhecimento brutal. Porém, sem registar o ciclo, não a conhecem”, disse.

Para mais informações, por favor contacte agendadolescentes@gmail.com


Author

Paula Martins is a fully qualified journalist, who finds writing a means of self-expression. She studied Journalism and Communication at University of Coimbra and recently Law in the Algarve. Press card: 8252

Paula Martins