Com a ambiciosa Agenda Mobilizadora liderada pela Vangest, um consórcio de setenta e nove empresas e entidades, Portugal não está apenas a enfrentar os desafios da gestão de resíduos e recursos, está a moldar ativamente um novo paradigma para a indústria de embalagens.
A visão da iniciativa é surpreendentemente abrangente. Vai além da produção de embalagens amigas do ambiente, visando, em vez disso, redefinir todo o ciclo de vida dos materiais. O foco é reduzir a pegada ecológica das embalagens para uma quase neutralidade. Ao conceber materiais que podem ser utilizados, reutilizados e, em última análise, reciclados ou reutilizados, o projeto abraça os princípios da economia circular. Esta abordagem ressoa profundamente no mundo de hoje, onde a escassez de recursos e as preocupações climáticas exigem soluções transformadoras.
O que me chama a atenção é como a Agenda Mobilizadora enfatiza a inclusão e a acessibilidade. Não se trata apenas de criar soluções sofisticadas para nichos de mercado, mas também de garantir que as tecnologias e métodos desenvolvidos possam ser aplicados de forma ampla. Esta abordagem inclusiva significa que os resultados desta agenda podem beneficiar um amplo espetro de indústrias e comunidades, reforçando a sustentabilidade em diferentes níveis económicos e sociais.
A escala do projeto é igualmente impressionante. Com um orçamento de 105 milhões de euros – 57,5 milhões dos quais provenientes do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) de Portugal – este não é um esforço pequeno. O investimento significativo de empresas privadas dentro do consórcio reforça ainda mais o compromisso do setor com esse futuro sustentável. É um sinal tranquilizador de que as empresas em Portugal não só estão conscientes das suas responsabilidades ambientais como estão dispostas a agir de acordo com elas.
O que também é digno de nota é a abordagem multimaterial da iniciativa. Embora grande parte da conversa em torno da sustentabilidade tenda a se concentrar nos plásticos, este projeto está explorando soluções para uma ampla gama de materiais, incluindo vidro, madeira e papelão. Esta adaptabilidade alarga o âmbito das potenciais aplicações e realça a criatividade que impulsiona a iniciativa.
Do ponto de vista da governação, a coordenação entre setenta e nove entidades e o planeamento detalhado envolvido é uma prova da capacidade de Portugal para gerir projetos complexos e de grande escala. A colaboração ativa com instituições como o Politécnico de Leiria e organizações como a NERLEI CCI e o CIMRL demonstra como a academia, a indústria e o governo local podem trabalhar em conjunto para objetivos comuns.
O envolvimento de Portugal nesta agenda é um exemplo claro de como o país se está a posicionar como líder em inovação sustentável. Projetos como este me inspiram a acreditar que mudanças significativas são possíveis quando visão, colaboração e investimento se alinham. É um lembrete de que a sustentabilidade não é apenas um desafio a ser enfrentado, é uma oportunidade para redefinir indústrias e construir um futuro melhor para todos.
Paulo Lopes is a multi-talent Portuguese citizen who made his Master of Economics in Switzerland and studied law at Lusófona in Lisbon - CEO of Casaiberia in Lisbon and Algarve.