Talvez tenha educado os seus filhos e eles estejam agora a traçar os seus próprios caminhos. Ou deixou uma carreira que já não o entusiasma. Talvez se tenha mudado para um novo país, tenha perdido um ente querido ou simplesmente tenha decidido que é altura de viver uma vida com mais significado. Seja o que for que o trouxe aqui, uma coisa é certa: não está sozinho.
No Algarve, esta história é-nos familiar. Uma pesquisa efectuada pela Rede de Mulheres do Algarve revela que quase 80% das mulheres que se mudam têm de mudar de carreira. Muitas encontram-se em áreas que nunca imaginaram, atraídas por oportunidades que se alinham com os seus valores e com o estilo de vida local. Mas como é que se começa quando se sente que se perdeu a identidade?
Para explorar esta jornada, falei com Maureen Gilbert, uma coach especializada em navegar nestas transições e reflecti sobre o meu próprio "Ano do Sim" - um capítulo transformador que remodelou a minha vida em Portugal.
O Ano do "Sim"
Quando me mudei do Reino Unido para Portugal em 2021, imaginei uma vida mais lenta e mais simples. Depois de anos a trabalhar em ambos os lados, estava pronta para me reformar e dedicar-me à família e ao lazer. Durante algum tempo, foi uma felicidade. O golfe, as caminhadas e a natação passaram a fazer parte da minha rotina diária. No entanto, quando os meus filhos adolescentes começaram a afirmar a sua independência, dei por mim com demasiado tempo e muito pouco objetivo.
O facto de fazer 50 anos só veio aumentar esta inquietação. Durante décadas, a minha identidade esteve ligada à minha carreira e à minha família. Quem era eu sem eles? Com um calendário aberto e um futuro indefinido, decidi abraçar a incerteza. Embarquei naquilo a que chamei o meu "Ano do Sim", comprometendo-me a dizer sim a qualquer oportunidade que despertasse a minha curiosidade.
- Ofereci-me como representante de uma escola, orientando jovens em competências empresariais.
- Experimentei o sector imobiliário (e rapidamente percebi que não era para mim).
- Inscrevi-me num curso de pós-graduação em Liderança Sustentável em Cambridge, onde me graduei como a melhor da minha turma.
- Liderei um grupo local de networking de mulheres, que se tornou num centro próspero para mulheres internacionais que procuram crescimento profissional no Algarve.
Através destas experiências, descobri o que muitos de nós já sabemos mas hesitamos em admitir: a transformação não tem a ver com encontrarmo-nos a nós próprios. Trata-se de nos criarmos a nós próprios.
Uma conversa com Maureen Gilbert
Quando falei com a Maureen, ela fez eco de muitos dos meus sentimentos sobre os desafios e oportunidades das transições de meia-idade.
Eu: Maureen, porque é que acha que tantos de nós se sentem bloqueados durante esta fase da vida?
Maureen: Porque, durante anos, seguimos um roteiro. Marcámos as caixas: educação, carreira, família. Depois, de repente, encontramo-nos numa fase em que o caminho acaba. A estrutura em que confiámos desaparece e ficamos a perguntar: "E agora?" É inquietante, mas é também um convite para começar a viver à nossa maneira.
Eu: Mas e o medo de fazer a escolha errada? Foi isso que me reteve durante tanto tempo.
Maureen: Esperar pela escolha "perfeita" ou que o universo o guie é muitas vezes apenas medo disfarçado. A vida não é uma linha reta; é uma série de experiências. Pense nela como um GPS. Não pode guiá-lo a menos que esteja em movimento. Pode enganar-se no caminho, mas pode sempre recalibrar-se.
A sabedoria de Maureen ressoa profundamente. Durante o meu "Ano do Sim", dei por mim muitas vezes a questionar as minhas escolhas. Será que a busca de uma liderança sustentável foi a decisão correta? Deveria ter-me concentrado em algo menos complexo e local, como o sector imobiliário? No entanto, cada passo, mesmo os erros, aproximaram-me da clareza.
Encontrar um sentido na viagem
Um dos momentos mais impactantes do meu ano aconteceu no verão passado, quando fiz uma pesquisa na rede de mulheres que tinha ajudado a desenvolver. Os resultados foram reveladores. Estas mulheres - inteligentes e motivadas - estavam a navegar nas suas próprias reinvenções. Não se contentavam com a reforma ou com o abrandamento. Estavam a mudar de carreira, a lançar empresas e a procurar formas de contribuir significativamente para as suas novas comunidades.
As suas lutas espelhavam as minhas. Também eles estavam a questionar as suas identidades, a pensar como equilibrar a ambição com o estilo de vida e a procurar formas de fazer a diferença. Foi então que o meu caminho se tornou claro: podia usar a minha experiência em desenvolvimento empresarial para orientar estas mulheres nas suas transições.
Lições para o caminho a seguir
Se se encontra numa encruzilhada, aqui ficam algumas lições da minha viagem e das ideias de Maureen:
A sua vez de escolher
A beleza desta fase da vida é que é você que escreve o guião. Quer esteja à procura de redescobrir o seu objetivo, lançar um negócio ou simplesmente encontrar o equilíbrio, Portugal oferece uma comunidade vibrante de pessoas com ideias semelhantes que navegam por caminhos semelhantes.
Então, quem é você agora? A resposta não está à sua espera lá fora. É algo que descobrirá ao longo do caminho.
Se quiser ler mais reflexões da Maureen, subscreva as suas Notes from a MidLife Crisis em Substack.com
Kamila is a dedicated advocate for entrepreneurial community development and women’s empowerment. She helps women build remote-first businesses that align with their passions and support a lifestyle of freedom, inspiring them to seize opportunities and create their dream lives.
Community Lead Portugal | Multi-Award-Winning Entrepreneur | Bestselling Author | Founder of HerFreedomBusiness.com | Co-Founder of Algarve Women’s Network
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