"A Madeira ganhou o prémio World Travel Award para o melhor destino insular do mundo pelo décimo ano consecutivo e deveria ser o caso de os trabalhadores terem o melhor salário do mundo. Pelo contrário, têm um dos piores salários do mundo", alertou o presidente do sindicato, Adolfo Freitas.

O responsável sublinhou que não aceita a proposta da Direção de Hotelaria da Associação Comercial e Industrial do Funchal(ACIF-CCIM), que representa os empresários, que aponta para um aumento salarial de 5,5% para 2025, um valor acima da taxa de inflação prevista, garantindo um aumento mínimo de 53 euros.

"Não vamos assinar este acordo", disse Adolfo Freitas, admitindo que o sindicato poderá avançar com greves durante a Páscoa e durante a Festa da Flor, em maio, dois períodos de pico em termos de turismo na região autónoma.

No âmbito do protesto junto à sede da Presidência do Governo do Estado, em que participaram cerca de 40 dirigentes e delegados sindicais, foram entregues ao executivo as propostas do sindicato para um acordo coletivo de trabalho e uma tabela salarial, além de uma carta a solicitar a sua intervenção no processo.

"Se o Governo não fizer nada, vamos fazer reuniões de trabalhadores na maioria dos hotéis a partir da semana a seguir ao Carnaval", avisou Adolfo Freitas, indicando que o sindicato pretende também distribuir panfletos em várias línguas aos turistas no aeroporto e à porta dos hotéis durante a Páscoa e a Festa da Flor.

"Sabemos que estamos a lutar contra os lobbies, não estamos a lutar contra a arraia-miúda", disse, antes de reforçar: "Estamos a lutar contra os poderosos [que são] apoiados pelo Governo Regional".

O sindicalista explicou que o aumento proposto pelo patronato - 53 euros - significa que a grande maioria dos trabalhadores passará a receber o salário mínimo regional, fixado em 915 euros, a partir de 1 de janeiro, pelo que não terá qualquer impacto em cerca de 3.000 trabalhadores, que passariam a receber o salário mínimo em vigor em 2024, que era de 862 euros.

"O que defendemos é 75 euros para cada trabalhador, independentemente do grupo", destacou Adolfo Freitas, explicando que o sector hoteleiro é composto por quatro grupos profissionais e 15 níveis remuneratórios.