"Esta manhã, Alqueva estava a cerca de 151,50m, o que significa que está a meio metro do seu nível de pleno armazenamento", disse à Lusa o presidente da Empresa de Desenvolvimento e Infra-estruturas de Alqueva (EDIA), José Pedro Salema.
De acordo com o responsável da empresa sediada em Beja, o nível 152 ainda "não é o nível máximo de Alqueva, uma vez que a infraestrutura está preparada para suportar carga até ao nível 153".
Perante esta situação, e "por prudência", a PEDIA e a EDP, concessionária do aproveitamento hidroelétrico de Alqueva, acordaram evitar a bombagem de água da barragem e passar a utilizar o método de turbina para a produção de energia, que "retira muita água" da albufeira.
"Recordo que os quatro grupos reversíveis [da central hidroelétrica] de Alqueva em turbina utilizam 800 metros cúbicos (m3) por segundo [de água] e só quando as afluências são superiores a esta ordem de grandeza é que se esgota a capacidade de caudal que a turbina permite", explicou José Pedro Salema.
Ao mesmo tempo, a EDIA iniciou, às 21:00 de quarta-feira, as descargas na barragem de Pedrogão, no distrito de Beja, localizada 23 quilómetros a jusante da barragem de Alqueva.
Em comunicado, a empresa gestora indicou que estas descargas "vão provocar um aumento temporário do caudal do rio Guadiana a jusante da barragem de Pedrógão", no concelho de Vidigueira, na "ordem dos 280 m3/segundo".
"Por isso, alertamos as populações ribeirinhas, pescadores, agricultores e outros utilizadores da zona para adoptarem as precauções necessárias", acrescentou a empresa, lembrando que "o tempo até se observar um aumento do escoamento em Mértola poderá ser superior às 18 horas".
Segundo José Pedro Salema, esta é uma situação "perfeitamente normal, banal e que não levanta problemas", rejeitando, para já, a possibilidade de descargas de água da própria albufeira de Alqueva.
"Sei que a população gostaria de ver, mas quando isso acontece, a água está a perder a sua energia potencial sem qualquer benefício e é muito mais interessante passar pela turbina e gerar eletricidade", explicou.
Mas, se tal for necessário, reforçou o presidente da EDIA, "há muitas formas de retirar água daquela albufeira que estão perfeitamente operacionais", nomeadamente três descarregadores de superfície, dois descarregadores de meio fundo e uma descarga de fundo.