O presidente da ANGES e docente do Politécnico de Leiria, Ricardo Pocinho, explicou à agência Lusa que a associação integra uma rede de parceiros que têm contribuído para o “projeto alemão Wolfgang Moll, Age simulation suit GERT”.
Através de um simulador analógico é possível “verificar as alterações na audição, na visão, no equilíbrio e em todas aquelas que são as limitações articulares e musculares influenciadas pela idade”.
“O que temos feito é validar, através de protocolos de ciência, um conjunto de atividades com pessoas que estão em perfeita idade funcional - e muito longe da idade que se relaciona normalmente com o envelhecimento. O que simula esta ferramenta são apenas os sintomas do envelhecimento”, afirmou Ricardo Pocinho.
Segundo avançou, o equipamento é “baseado em distorção física da audição e da visão e depois tem alguns aspetos mecânicos que alteram a marcha”, isto para refletir “as condições articulares das ancas, dos joelhos, dos tornozelos, das mãos, dos punhos e dos cotovelos”, sendo possível simular o “agravamento de algumas situações” e tarefas diárias.
Ricardo Pocinho considerou que este simulador tem sido um “ótimo instrumento até de suporte ao ensino, formação e vocação”.
“As pessoas que normalmente se dedicam ao estudo do envelhecimento não são velhas. Quando estamos fora de uma situação é muito fácil falar sobre ela. Esta ferramenta vai demonstrar às pessoas que querem trabalhar com idosos o lado de lá”, destacou, ao referir que o simulador “tem sido uma boa ferramenta de ‘feedback’”.
Nas atividades com os idosos, os cuidadores perguntam-lhes se gostaram ou se perceberam.
“Como simulador, conseguimos antecipar algumas situações que têm de ser alteradas no comportamento de técnicos com idosos, tendo muito melhores resultados, até na questão dos riscos. Quando levantamos uma pessoa com determinada imobilidade sem ter alguns cuidados, podemos estar a agravar lesões osteoarticulares ou musculoesqueléticas”, exemplificou.
Para um fisioterapeuta, por exemplo, o simulador permitir-lhe-á perceber quais são as dificuldades que o utente está a ter.
O presidente da ANGES adiantou que quando se fala alto com as pessoas de mais idade não é só porque se acha que “são todas surdas”, mas porque “efetivamente se deixa de ouvir”.
Ricardo Pocinho revelou que a audição e a visão começam a perder-se a partir dos 40 anos, “com uma nota clara de défice auditivo e visual, sobretudo, a partir dos 65 anos”.
“Não envelhecemos, sobretudo se tivermos alguns cuidados, só quando temos a idade sénior - referência dos 65 anos -. Envelhecemos todos os dias. A partir dos 40 começamos a ter este tipo de perdas, ainda que pouco. O simulador agudiza-as ao máximo e consegue que as pessoas percecionem quais vão ser as suas dificuldades quando tiverem 70 ou 80 anos”, reforçou.
Segundo o docente do Politécnico de Leiria, o projeto está numa fase de ‘upgrade’, o que irá permitir incrementar doenças ao simulador. “Dentro de menos de um ano conseguiremos simular pessoas com Parkinson, com diabetes, com retinopatia e com alterações na visão, com esclerose lateral amiotrófica. Ou seja, doenças. Nesta fase, estamos a simular apenas aquilo que é mecânico, o que vai acontecer de uma forma geral a todos”, afirmou.
Há um ano a testar o equipamento, a ANGES disponibilizará a experiência deste simulador na feira da Saúde em Pombal, nos dias 16 e 17, no ‘workshop’ de Bem-Estar do Utente na Escola Superior de Educação e Ciências Sociais do Politécnico de Leiria, no dia 21, e em várias cidades espanholas e brasileiras, em outubro.
Também estará presente, no dia 27 de outubro, no Congresso Envelhecer nos Eixos - 2ª edição: Tempo, Trabalho e Felicidade, em Oliveira do Bairro.