A posição do presidente da Câmara Municipal de Lisboa foi expressa aos jornalistas antes de uma reunião pública para discutir as consequências do aumento da capacidade do Aeroporto Humberto Delgado.

"Vai demorar anos até termos um novo aeroporto em Alcochete e vai ter de haver obras neste aeroporto [Humberto Delgado]. Temos um aeroporto que está a rebentar pelas costuras. Como presidente da Câmara, quero limitar o número de voos. Não quero que haja perturbações. Por outro lado, a nossa economia e o turismo são importantes para Lisboa. É este o equilíbrio que teremos de alcançar", sublinhou.

A discussão sobre o aumento da capacidade do Aeroporto Humberto Delgado realiza-se hoje, às 15h00, na Sala do Arquivo da Câmara Municipal de Lisboa e resulta de um requerimento do Partido Socialista. É esperada a presença de várias entidades convidadas, incluindo a Agência Portuguesa do Ambiente, nesta reunião pública.

A concelhia do Partido Socialista, que organizou a reunião, indicou que "cerca de 100.000 pessoas vivem nas freguesias adjacentes ao aeroporto, estando já sujeitas a impactes negativos em termos de ruído, poluição e congestionamento de tráfego".

"Mesmo antes de qualquer aumento da capacidade aeroportuária, Lisboa é já a segunda capital europeia com mais habitantes expostos ao ruído dos aviões", sublinham os socialistas.

Para participar na discussão, o conselho convidou, por proposta do PS, a Agência Portuguesa do Ambiente (APA), o Conselho Nacional do Ambiente e do Desenvolvimento Sustentável (CNADS), a Zero - Associação Sistema Terrestre Sustentável, o GEOTA - Grupo de Estudos de Ordenamento do Território e Ambiente, a Liga para a Proteção da Natureza (LPN) e o movimento Viver em Lisboa.

Os restantes partidos políticos representados na vereação - PSD/CDS, PCP, Cidadãos Por Lisboa (eleitos pela coligação PS/Livre), Livre e BE - podem indicar outras entidades, com o Bloco de Esquerda a convidar a plataforma cívica "Aeroporto fora, Lisboa melhor", que desde 2022 exige o fim dos voos noturnos e o cumprimento da Lei Geral do Ruído.

Compensações

Em maio, a liderança do PSD/CDS-PP apresentou uma moção para que o município fosse compensado pelo aumento temporário da capacidade do aeroporto e para exigir que a concessionária "minimizasse de imediato os impactos da operação" da infraestrutura, mas a proposta foi rejeitada com os votos contra da oposição.

Nessa altura, para além da moção do PS, a CML aprovou (com os votos contra do PSD/CDS) a moção do PCP "Pela construção imediata do novo aeroporto de Lisboa. Pelo encerramento da Portela", defendendo que a decisão de construir o novo aeroporto nos terrenos do atual Campo de Tiro de Alcochete "deve ser concretizada o mais rapidamente possível" e que "qualquer aumento de tráfego no Aeroporto Humberto Delgado deve ser liminarmente rejeitado, bem como as obras de ampliação que o viabilizariam".

Os comunistas defenderam a "supressão imediata dos voos noturnos", como anteriormente exigido pela CML, que foi aprovada com os votos contra do PS e os votos favoráveis dos restantes partidos. Parte da moção do BE "Pelo não aumento dos movimentos por hora e pelo encerramento faseado do Aeroporto Humberto Delgado" foi também viabilizada, com votos contra de PSD/CDS-PP, para instar o Governo "a não aumentar o número de movimentos por hora" na atual infraestrutura.