Por exemplo, aqui está uma citação de Isabella Rossellini: "Tenho sempre Parmigiano Reggiano, azeite e massa em casa. Quando as pessoas ficam doentes, querem canja de galinha. Eu quero esparguete com queijo parmesão, azeite e um pouco de raspa de limão. Faz-me sempre sentir melhor".

Aí está uma rapariga à medida do meu coração (embora ela tenha estragado o equilíbrio com aquele citrino).

Azeite

Desde que me mudei para a Europa, há mais de uma década, fiz uma mudança subtil na minha dieta, passando da manteiga para o azeite (a parte da massa e do queijo manteve-se intacta). Mas, para além de estar familiarizada com termos como "prensado a frio" e "virgem extra", não tinha grandes conhecimentos sobre o assunto.

Não até ter passado um longo período de tempo na cidade de Oliveira do Hospital, no distrito de Coimbra. Um dia, a menos de dez minutos de Oliveira, passámos pela aldeia de Bobadela. Parámos na N230-6 por causa das ruínas romanas visíveis da estrada. Para além de um grande arco bem conservado, havia um belo anfiteatro e uma capela do século XVII. Aí, encontramos também o Centro Interpretativo de Bobadela Romana com uma exposição de fotografias e ilustrações, equipamento multimédia interativo e um filme documental, para além de mostras de peças arqueológicas recolhidas durante as escavações.

Museu

Mas isto foi só o início. Vimos uma placa com a indicação do Museu do Azeite e subimos a estrada para o visitar. O que vimos quando chegámos pareceu-nos totalmente incongruente, colocado como estava nestas simples colinas: um telhado largo e inclinado, verde azeitona claro, numa estrutura arquitetonicamente moderna. Era como ver uma variante do edifício Guggenheim numa sinuosa estrada privada de Monchique.

Se o exterior nos surpreendeu, o interior surpreendeu-nos, a começar pela visão de uma enorme oliveira no átrio, posicionada para demonstrar a sua utilização no processo de esmagamento de azeitonas para a produção de azeite. Instantaneamente, fomos envolvidos pelo passado, pela tradição, pela história e, de facto, pela majestade da origem daquela pequena e despretensiosa garrafa guardada no armário da minha cozinha.

Créditos: Imagem fornecida; Autor: Tricia Pimental;

Constituído por um conjunto de edifícios contíguos, o museu foi idealizado pelo empresário António Manuel Dias, proprietário da Sociedade de Azeite Destilaria Dias Lda. Em 1986, começou a recolher informação sobre a história da produção de azeite, um produto agrícola tão importante para Portugal. Essa história é retratada através de expositores modernos, bem iluminados e criativos, tornando a visita não só informativa como imensamente agradável. Há também produtos regionais para venda e workshops para todas as idades (faça o seu próprio sabão de azeite!), bem como visitas guiadas e provas de azeite, mediante marcação, para grupos.

Vistas espectaculares

Decidimos almoçar no restaurante do museu, o Olea. Altamente recomendado não só pela boa comida e vinho, mas também pela sua vista espetacular sobre a Serra da Estrela. A escolha deste local para o museu foi verdadeiramente brilhante.

Pensando que tínhamos ganho a lotaria da cultura, ao encontrar esta joia escondida, começámos a regressar a Oliveira quando parámos novamente para espreitar o museu municipal que tínhamos visto em frente ao anfiteatro romano. Pensámos que era um típico museu local, com fotografias históricas do passado.

Resultado da lotaria número dois. (Três, se contarmos com as ruínas romanas e o Centro Interpretativo.) O Museu Municipal de António Simões Saraiva, um prolífico e premiado autor, historiador, pedagogo e antigo presidente da Câmara Municipal de Oliveira do Hospital, contém uma coleção multifacetada de coisas que nos mantiveram fascinados durante quase duas horas.

Créditos: Imagem fornecida; Autor: Tricia Pimental;

O interior do edifício é maior do que parece, com salas de diferentes temáticas. Posso dizer com razão que há algo para todos, incluindo esculturas em tamanho real; uma coleção de modelos de barcos à vela; ferramentas agrícolas antigas e artigos de cozinha; salas de jantar e de estar totalmente mobiladas; chinoiserie; artefactos religiosos; moda feminina da época; e uma coleção de bonecas. Um destaque para mim foi a réplica do escritório do soldado, escritor e poeta do século XVII, Brás Garcia Mascarenhas, nascido a menos de 20 quilómetros de distância, em Avô.

Se está a pensar fazer uma pausa este verão dos habituais pontos turísticos, e este olhar sobre uma pequena parte do centro de Portugal despertou o seu interesse, tenho três recomendações para alojamento em Oliveira do Hospital. Quando lá estive a viver, aluguei uma casa local durante um mês, mas se voltasse, escolheria certamente uma das seguintes.

Lembrar-omne trium perfectum.


Author

Native New Yorker Tricia Pimental left the US in 2012, later becoming International Living’s first Portugal Correspondent. The award-winning author and her husband, now Portuguese citizens, currently live in Coimbra.

Tricia Pimental