“Em 2014, o número médio de trabalhadores estrangeiros foi de 55,6 mil, tendo aumentado para 495,2 mil em 2023, o que representou 2,1% e 13,4% do número total de empregados em cada um desses anos”, concluiu o BdP, num estudo que procura caracterizar indivíduos de nacionalidade estrangeira que residem em Portugal e que têm um contrato de trabalho inscrito na base de dados da Segurança Social.
O número médio de trabalhadores estrangeiros registrados na Previdência Social e trabalhando para outros registrou um aumento significativo em 2018 e 2019 (38,5% e 47,9%, respectivamente), tendo sido mais moderado nos anos da pandemia de covid.
“Nos últimos dois anos, voltou a aumentar com taxas de crescimento de 41% em 2022 e 35,5% em 2023”, destacou o BdP.
Os brasileiros se destacaram, com 209,4 mil trabalhadores registrados na Previdência Social em média em 2023, o que equivale a 42,3% dos trabalhadores com nacionalidade estrangeira registrados no banco de dados naquele ano.
O BdP destacou que, em 2022 e 2023, o número de funcionários com nacionalidade brasileira registrou taxas de crescimento de 58,5% e 43%, respectivamente.
As próximas quatro nacionalidades com maior número de funcionários registrados são indiana (41 mil), nepalesa (26,9 mil), cabo-verdiana (22,7 mil) e bengali (18,8 mil), que, no total, representaram 22,1% do número total de funcionários com nacionalidade estrangeira em 2023.
O número de funcionários com nacionalidade indiana cresceu 28,1% e 42,4% em 2022 e 2023, enquanto aqueles com nacionalidade nepalesa cresceram 39,9% e 45,6%, respectivamente.
Os trabalhadores europeus representaram 12,6% dos estrangeiros e registraram um aumento mais moderado nos últimos anos.
Em 2023, 22,2% das empresas tinham trabalhadores com nacionalidade estrangeira, o que compara a 7% em 2014.
Em termos de idade, a mediana dos trabalhadores estrangeiros era de 33 anos em 2023, o que compara aos 42 anos dos trabalhadores com nacionalidade portuguesa.
Quanto ao peso das mulheres entre os trabalhadores com nacionalidade estrangeira, em 2023, elas representavam 36,7% do total, mas com notáveis diferenças entre as nacionalidades: enquanto entre os trabalhadores com nacionalidade brasileira e cabo-verdiana, o peso das mulheres era superior a 40%, no caso dos trabalhadores da Índia e Bangladesh era de apenas 7,5% e 2,6%.
Tal como os portugueses, os trabalhadores estrangeiros residem e trabalham principalmente em empresas com sede no litoral, particularmente nas áreas metropolitanas de Lisboa e Porto, litoral do Alentejo e Algarve, e têm maior peso em vários municípios com atividade agrícola significativa, especialmente na região sul do país.
De acordo com essa análise, no setor agrícola e pesqueiro, quatro em cada dez funcionários tinham nacionalidade estrangeira, o que se compara a um e dois em cada 10 em 2014 e 2019, respectivamente.
“O peso do emprego estrangeiro no emprego total também é muito importante nos setores de alojamento e restauração, atividades administrativas e construção, com percentagens de 31,1%, 28,1% e 23,2% em 2023, respectivamente”, concluiu o BdP.
Em relação à remuneração, a remuneração mediana mensal dos trabalhadores estrangeiros em 2023 foi muito próxima do salário mínimo nacional (760 euros), situando-se em 769 euros para jovens trabalhadores e 781 euros para trabalhadores com mais de 35 anos, enquanto para trabalhadores nacionais, os salários medianos foram de 902 e 945 euros, respectivamente.
O BdP destacou que o afluxo particularmente elevado de novos trabalhadores estrangeiros em Portugal nos anos de 2022 e 2023 aproximou o país da situação existente na União Europeia, no que diz respeito ao peso do emprego de nacionalidade estrangeira no número total de empregos.