Esta é uma das conclusões preliminares do estudo Imigrantes na Profissão de Turismo e Hotelaria no Algarve, noticiado pelo DV. O trabalho, desenvolvido em parceria pela Associação KIPT, Inovação e Turismo, Laboratório Colaborativo e Associação dos Hotéis e Empreendimentos Turísticos do Algarve (AHETA), incide sobre as dinâmicas migratórias, condições de vida e expectativas dos imigrantes que trabalham no turismo e hotelaria da região.
Os dados revelam que o principal perfil (47,8%) se enquadra na categoria de "imigrantes com afinidade cultural com Portugal e necessidades socioeconómicas" e é predominantemente constituído por jovens adultos brasileiros que procuram estabilidade financeira e acesso a uma vida mais segura. "Embora este perfil revele uma intenção relativamente sólida de permanecer em Portugal, a satisfação com as actuais condições de vida é moderada, o que pode afetar a permanência a longo prazo", refere.
A análise, que traça um retrato detalhado das razões que levam os imigrantes a escolher a região, os seus planos futuros e a satisfação com a sua permanência no país, aponta para um segundo perfil de imigrantes para quem a qualidade de vida e as novas oportunidades foram a motivação para a mudança para outro país. Com um peso de 43,9%, este grupo é constituído por jovens oriundos do Brasil, Índia e Nepal, maioritariamente solteiros e com o ensino secundário e superior completo.
"Estes indivíduos vieram para Portugal atraídos pela promessa de uma vida melhor, com oportunidades de desenvolvimento pessoal e segurança que não tinham nos seus países de origem. As suas expectativas são de crescimento e estabilidade num ambiente mais favorável. A elevada satisfação com as condições de vida em Portugal reforça a sua intenção de permanecer no país a longo prazo", detalha o estudo.
Trabalho em rede
Com um peso de 8,3%, surge um perfil distinto dos anteriores, que inclui imigrantes que se deslocaram para a região por motivos de trabalho e desenvolvimento profissional. São essencialmente jovens europeus, altamente qualificados, que valorizam o networking e as oportunidades de desenvolvimento das suas competências.
"Estes imigrantes vêem o país como uma plataforma de networking e de crescimento profissional, mas não necessariamente como um destino definitivo. A insatisfação com determinadas condições de vida e uma menor ligação à cultura local justificam a maior propensão para considerar a emigração para outros países ou o regresso ao país de origem", indica.
Turismo do Algarve aposta na formação
O presidente da Região de Turismo do Algarve (RTA), André Gomes, admite, na reportagem do DV, que a falta de trabalhadores no turismo do sul do país já não é tão significativa como nos últimos dois anos e reconhece o papel dos trabalhadores estrangeiros neste relevo. "Continuamos a apostar na importância das migrações para responder a uma carência de recursos humanos que temos no sector e que, de facto, tem sido largamente ultrapassada precisamente por estes migrantes que têm vindo para a nossa região nos últimos anos", explica.