No entanto, a opção pela compra de casa exige uma poupança de 32.585 euros, em média, de acordo com uma análise publicada pelo idealista. Isto porque para conseguir um crédito à habitação, no contexto atual, é necessário ter um fundo de reserva para dar uma entrada na nova casa.
Em Portugal, o preço médio de arrendamento de um apartamento T2 é de 1.026 euros por mês, enquanto a prestação mensal do crédito à habitação para comprar o mesmo imóvel será de 1.001 euros por mês no segundo trimestre de 2024. Por outras palavras, o aluguer de uma casa representa um custo 21% superior à prestação mensal da hipoteca que seria necessária para comprar o mesmo imóvel. Mesmo assim, quem avançar com a compra de uma casa terá de ter uma poupança de 32.585 euros, em média, para dar uma entrada no empréstimo.
"Esta análise quantifica a situação complexa das famílias no que respeita ao acesso à habitação própria. Na maior parte dos mercados, as famílias poderiam pagar mais facilmente as prestações do crédito à habitação do que a renda mensal. No entanto, muitas vezes não conseguem dar esse passo devido à falta de liquidez financeira", comenta Ruben Marques, porta-voz do idealista.
Isto porque "as rendas elevadas, aliadas aos baixos salários, à instabilidade no emprego e ao elevado custo de vida impedem que muitas famílias consigam poupar o suficiente para comprar casa e alcançar uma situação de maior estabilidade e alívio na carteira. Como é pouco provável que o sistema financeiro flexibilize os seus critérios de risco, a única solução para melhorar o acesso à habitação parece ser a adoção de medidas que permitam aumentar exponencialmente a oferta de habitação para arrendamento e compra, de forma a reduzir os preços e gerar um mercado imobiliário saudável", conclui Ruben Marques.
Onde estão as maiores diferenças?
Ao analisar as capitais de distrito com amostras representativas, verifica-se que é em Santarém que pagar uma renda mensal (797 euros) é mais caro do que pagar a prestação da casa ao banco (429 euros), com uma diferença de 86%.
Há ainda outras oito cidades onde alugar uma casa é mais caro por mês do que pagar a hipoteca ao banco: Guarda (onde a renda é 75% mais cara), Castelo Branco (58%), Setúbal (23%), Évora (22%), Portalegre (21%), Bragança (4%), Viana do Castelo (2%) e Vila Real (2%).
Por outro lado, em Faro o valor da renda é inferior ao da prestação bancária, sendo 32% mais barato. Outras cidades onde o arrendamento é mais acessível do que o pagamento da hipoteca são Aveiro (-21%), Ponta Delgada (-13%), Lisboa (-12%), Viseu (-11%), Leiria (-11%), Funchal (-10%), Braga (-7%) e Coimbra (-2%). No Porto, a diferença entre pagar renda ou hipoteca é mínima, de -0,4%.
Quando se comparam os distritos e as ilhas, as discrepâncias entre os custos de arrendamento e os pagamentos mensais de hipotecas tornam-se ainda mais acentuadas em Portugal. Na Guarda, o arrendamento é duas vezes mais caro do que o pagamento da hipoteca. Seguem-se Portalegre (78% mais caro), Évora (75%), Beja (72%), Vila Real (60%), Castelo Branco (59%), Santarém (46%), Bragança (43%), Viseu (35%) e Coimbra (23%). Abaixo da mediana nacional estão Viana do Castelo (20%), Setúbal (15%), Lisboa (14%), Leiria (11%), a ilha de São Miguel (10%), Porto (6%) e Braga (5%).
Em Faro, a renda é 21% mais barata do que a prestação mensal, seguindo-se a ilha da Madeira (-10%) e Aveiro (-9%), segundo a análise do idealista.