A hotelaria, a restauração, o retalho, a logística e a distribuição são alguns dos sectores que recorrem a trabalhadores temporários para responder ao pico de procura do Natal.

"Estes sectores enfrentam um aumento significativo da procura devido ao pico de actividades relacionadas com o atendimento ao cliente, embalamento, reposição de stocks e operações logísticas", explica Vanda Santos, diretora de serviço e qualidade da Adecco Portugal, referindo que este padrão "não se verifica apenas nas grandes cidades, mas em todo o país".

No entanto, o "elevado dinamismo" do mercado de trabalho tem colocado "desafios significativos" às empresas na contratação de trabalhadores para funções sazonais, admitem empresas de recrutamento consultadas pela agência Lusa.

Recorde-se que Portugal está próximo do pleno emprego, com a taxa de desemprego a situar-se nos 6,6% em outubro, uma estabilização face ao mês anterior.

"Sentimos dificuldades de recrutamento, sobretudo em funções que exigem algum tipo de especialização ou certificação, nomeadamente na área dos transportes", refere Lucília Queirós, national corporate sales & foundation leader da Eurofirms Portugal.

E também "já se nota em funções menos especializadas", acrescenta Pedro Empis, diretor operacional de soluções de talento, da Randstad, em resposta à Lusa.

Sabrina Barreto também identifica esta dificuldade, referindo que "os candidatos que estão empregados apenas procuram oportunidades que possam conjugar com a sua função atual (part-time) ou algo que ofereça melhores condições/estabilidade".

No entanto, "os candidatos estrangeiros têm contribuído para colmatar muitas das necessidades", acrescenta.

Ainda assim, há casos em que, apesar de terem um "perfil perfeitamente adequado", são excluídos porque "têm documentos pendentes", acrescenta a 'central sourcing manager' da Gi Group.

Para ultrapassar estas dificuldades, os processos de recrutamento começam em setembro ou, o mais tardar, no final de outubro ou início de novembro.

O planeamento antecipado "é essencial para garantir que conseguimos satisfazer as necessidades sazonais dos nossos clientes, assegurando que as equipas estão completas e preparadas antes do início do período mais movimentado", afirma Vanda Santos.

Por outro lado, há também quem ofereça incentivos para atrair trabalhadores. "Existem várias realidades que complementam o salário, como prémios de desempenho, vales de refeição ou até incentivos relacionados com os produtos e serviços dos clientes finais, que funcionam como factores de atração dos candidatos", explica Pedro Empis.

Outro incentivo "é uma maior adaptabilidade dos horários para responder à disponibilidade dos candidatos", acrescenta Lucília Queirós.

Além disso, "para tornar as posições temporárias mais atractivas, as empresas oferecem muitas vezes a possibilidade de integração permanente, o que pode ser um fator decisivo na aceitação da vaga", conclui Sabrina Barreto.