Doce típico de Monchique, município do Algarve, o Bolo do Tacho faz agora parte da lista do património cultural imaterial português, pois a sua importância é reconhecida “como reflexo” da comunidade ou grupo que garantiu a transmissão desta herança gastronómica ao longo dos anos, explica o Património Cultural, IP.

“Nos termos do n.º 2 do artigo 15 do Decreto-Lei n.º 139/2009, de 15 de junho, alterado e republicado pelo Decreto-Lei n.º 149/2015, de 4 de agosto, venho anunciar que, por despacho meu de 26 de março de 2025, emitido sob proposta do Departamento de Bens Culturais do Património Cultural, I. P., foi decidido inscrever o 'Bolo de Tacho' no Inventário Nacional de Bens Imateriais Patrimônio Cultural”, pode ser lido no anúncio do instituto público publicado no DR.

O

Patrimônio Cultural destacou que a inclusão do Bolo do Tacho na lista do patrimônio imaterial reflete a “importância da manifestação do patrimônio cultural imaterial como reflexo da respectiva comunidade ou grupo” ou os “processos sociais e culturais nos quais se originou e se desenvolveu (...) até o presente”.

A inclusão do Bolo do Tacho na lista do património cultural imaterial foi objeto de uma consulta pública de 30 dias, iniciada em 13 de janeiro, após a publicação do procedimento no DR. Uma vez concluída a

consulta, o instituto público Património Cultural teve 120 dias para se pronunciar sobre a inclusão da receita de Monchique na lista do património cultural imaterial, que agora é oficializada com a publicação do aviso no DR.

Ingredientes locais

de

Tacho, também conhecido como Bolo de Maio ou Bolo de Milho, é um doce típico da culinária de Monchique, município de origem da receita e do preparo, e é caracterizado pelo uso de quatro ingredientes básicos que resultam da produção local: farinha de milho, azeite, mel

e banha.

Outros elementos são adicionados a esses ingredientes a gosto (café, cacau em pó, especiarias, limão ou chá bella-luísa), cuja quantidade fará com que o sabor e a textura do bolo sejam diferentes de receita para receita.

De acordo com o site da Rede de Museus do Algarve, o Bolo de Tacho era normalmente feito exclusivamente em maio, pois era o principal elemento dos piqueniques ou lanches que as pessoas levavam para os tradicionais “desmaios” (piqueniques) que aconteciam nas montanhas de Monchique no dia 1º desse mês.