“Com o tempo, gostaríamos de ter um caminho para uma [posição] majoritária porque isso daria ao negócio a possibilidade de crescer sem investimento de outros acionistas”, disse o diretor do IAG, Jonathan Sullivan, em uma reunião com jornalistas portugueses em Dublin, Irlanda.
O responsável acrescentou que esse interesse em uma posição maioritária na TAP já foi manifestado ao Governo português, e agora o grupo está à espera de conhecer as condições para o negócio. “Não sabemos se vamos participar ou não, depende das condições”, destacou Jonathan Sullivan
.Recentemente, o Governo reuniu-se com interessados na compra da companhia aérea portuguesa, como parte do processo de reprivatização preparado pelo anterior executivo socialista, que queria concluí-lo em 2024, mas que foi suspenso com a mudança de Governo.
Além do IAG, os grupos europeus Lufthansa e Air France-KLM também manifestaram publicamente interesse no negócio.
O ministro das Infraestruturas, Miguel Pinto Luz, disse em entrevista ao Público que a reprivatização seria acelerada após a aprovação do Orçamento do Estado no final de novembro, acrescentando que há consenso sobre a privatização, mas não sobre a percentagem a ser vendida.
O diretor do IAG destacou que o negócio da TAP é interessante por “muitas razões”, como o 'hub' (plataforma de distribuição de voos), que considerou “um tremendo ativo”, a conectividade com a América Latina e a América do Sul do Norte, que seria “um bom complemento” às operações das empresas que compõem o grupo IAG, como a Aer Lingus.
A companhia aérea de bandeira irlandesa foi comprada pelo IAG em 2015, em um processo que levantou algumas preocupações do governo, que manteve uma participação e impôs condições como a manutenção da marca, o hub de Dublin e a conectividade com Londres — Heathrow.
“[O Governo português] é muito parecido com o irlandês e encorajamos que, porque tem sido bom para a população, é bom que o Governo esteja envolvido com interesses estratégicos, como o irlandês tem sido”, apontou o responsável do IAG.
“[Se comprarmos,] queremos que a TAP continue orgulhosamente portuguesa”, destacou o diretor.
Questionado sobre as preocupações em relação ao fim do hub da TAP em Lisboa, devido à sua proximidade com o hub da Iberia em Madrid, outra companhia aérea do grupo de aviação, Sullivan assegurou que o interesse do grupo, caso avance com a compra, é desenvolver os dois 'hubs'.